terça-feira, 12 de agosto de 2008

500 km da Fronteira

Não tenho como seguir à risca a cronologia dos fatos sobre a carreira do "Janjão" Freire. Isso porque ele me passou muitas novas informações nesses últimos dias e não quero que vocês percam nenhum detalhe. Também não quero correr o risco de deixar alguma coisa para o final e acabar esquecendo. Sendo assim, hoje voltamos um pouco no tempo, ainda em 1974 para uma prova na cidade uruguaia de Rivera, pista que era visitada com frequência pelos pilotos gaúchos na década de 70. Procurando no Google Earth achei essa imagem aí, que acredito ser o autódromo Eduardo Cabrera mostrando os dois traçados (curto e longo). Quem puder, me confirme se é mesmo ele.

Pois bem, em Dezembro de 1974 "Janjão" já se preparava para a Fórmula Super V, mas fora convencido por seu preparador e amigo Carmelo Carlomagno a participar da prova festiva no Uruguai. Para tanto um motor de 1800 cc foi especialmente feito para aquela prova, já que não havia divisão de categorias.

Em seu depoimento ao jornal Folha da Tarde na véspera da prova o piloto demonstrava sua confiança: "com o motor de 1600 cilindradas que usei no campeonato gaúcho consegui a excelente marca de 1min20s2 em Tarumã. Agora com o motor de 1800 cilindradas que o Carmelo preparou, o carro está em condições de disputar com grandes possibilidades esta prova no Uruguai onde o preparo é livre."

Os desafios que seriam enfrentados começariam pela pista, estreita e em más condições. Me lembro que esses tempos o ex-piloto Luiz Mário Belezza, que corria por aquelas bandas, me disse que em uma determinada prova uma chicane foi feita passando pelo barro, imaginam?

Entre os pilotos locais se destacava Diego Fernandes, que corria com uma BMW patrocinado pela própria montadora e que protagonizara uma forte disputa com o Júlio Renner em 1973.

A prova foi disputada em quatro baterias. Alguns dos outros pilotos gaúchos na prova foram: Vitor Mottin, Aroldo Bauermann, Jorge Fleck, Arnaldo Fossá, Raffaele Rosito, Júlio Renner, Fernando Moser, Antônio Alceu Ribeiro, Viniton Silva, Júlio Tedesco entre outros.

Jorge Fleck foi o pole position da primeira prova num grid de 28 carros. Esta foi a mais emocionante em função das inúmeras ultrapassagens do Fusca #47 que largou na 17ª posição. Já na largada "Janjão" fez várias ultrapassagens, mas ao chegar à curva 1 travou as rodas e passou reto perdendo todas as colocações conquistadas. Enquanto isso, Júlio Tedesco com o Opala #17 da equipe Aldo Auto Capas liderava seguido de Vitor Mottin no Fusca #70 da Comauto. A três voltas do final "Janjão", em uma incrível recuperação, já corria em segundo, colado no Opala de Tedesco que logo depois teve problemas na bomba de gasolina e acabou cedendo o primeiro lugar para "Janjão". Fernando Moser foi o segundo colocado.

Na segunda bateria "Janjão" dominou sem ser ameaçado pelos demais concorrentes. Júlio Tedesco abandonou em definitivo no início da bateria com o diferencial quebrado. Jorge Fleck foi o segundo colocado.

A terceira bateria parecia uma repetição da segunda, mas ao faltarem dez voltas para o término, "Janjão" teve quebrado um carburador e teve de recolher aos boxes, não marcando pontos na bateria e dando a vitória a Jorge Fleck.

Na quarta e última bateria dos "500 km" um segundo lugar já daria a vitória no geral para o piloto do Fusca #47, mas ele não deu chance aos adversários e venceu novamente.

Na soma dos pontos o resultado foi o seguinte:
1º - Antônio João Freire - VW #47 - 28 pts;
2º - Jorge Fleck - VW #2 - 19 pts;
3º - Vitor Mottin/Aroldo Bauermann - VW #70 - 13 pts;
4º - Darci de Oliveira - VW #76 - 7 pts;
5º - João Sazick - VW #1 - 7 pts;
6º - Fernando Moser - VW #86 - 6 pts.

Abaixo duas imagens que registraram o momento:


Na primeira "Janjão" lidera o pelotão sendo pressionado pelo Opala de Tedesco e na última o piloto vencedor (à esquerda) conversa com o piloto Viniton Silva.

Fonte das imagens: arquivo "Janjão" Freire.

3 comentários:

Anônimo disse...

Aí Sanco
Acho que é Rivera sim. Quase metade da reta principal é uma subida que acaba bruscamente, o que provocava um voozinho nas TZ's 350.
Esta série sobre o Janjão está sendo uma das melhores q vc já publicou. Solicito q vc publique uma foto do último fusca do Fossá, que era bem diferente dos demais e que eu não conheci ao vivo.
Abs
Júlio

Fernando esbroglio disse...

Sim, é o Autódromo Eduardo P. Cabrera de Rivera. Aí corrí em 1968, e vencí pela primeira vez em 1970, voltei em 1973 com Julio Renner. Vencemos a BMW Alpina 2002 de fábrica com Diego Fernandes e Etchegaray. Julio uma bateria e eu a outra. No jornal de Montevideo saiu que tinhamos motor Porsche...hahahaha.... Era apenas um VW 1600 muito bem feito pelo Vilmar Azevedo e uma caixa de câmbio curtíssima. Toda pista tinha 900 m. se não me engano.

Anônimo disse...

o piloto vencedor era Ronaldo Ely.
PARABENS PELO SITE.